ENCENA ESSA CENA


(Trindade foi menina, em "Debut".
Depois, antes da evidência e da experiência de Consciência Suprema em si, enfrentou o desafio da personalização da confusão em "antes Dele em mim".



"Enigma Reflexivo" mostra Trindade conhecendo mais a si mesma, em um labirinto espelhado.

Em "A morte de Joan", reencontrou após muitos anos, um amor perdido, e se sentiu viva novamente.



Com a progressão do tempo e pela misericórdia do Universo, Trindade conhece Oliveira, conhece o que é pertencer a alguém e ter alguém para si. "Nós e os nós" é um fim de semana típico dos dois.

E Átila....

Átila quer ver Prússia antes de partir. Acha que lá encontrará a mesma juventude que ficou para trás, junto de Régina. Agora que Régina tem sua família, pouco faz sentido. É um diálogo sobre amor, perda e reencontro.



TEATRO EM CENAS SIMPLES, CURTINHAS E ACESSÍVEIS. APROVEITEM!







sábado, 28 de maio de 2011

DEBUT

TRINDADE:
("...No princípio, Deus criou os céus e a Terra..."
Esta era a verdade que eu sabia.... Eu vivia num mundo onde tabus e pudores eram a essência da salvação. Um mundo onde amar significava
temer....
Até o dia em que eu conheci o mestre dos sonhos....
Ele apareceu para mim como mágica e me disse coisas que não acreditaria se não fosse pelo brilho fascinante daqueles olhos negros que me invadiam, me possuíam, me dominavam e me faziam acreditar.
Ele chegou perto, e indagou....)

MESTRE DOS SONHOS:
"Acreditas em Deus?"

TRINDADE:
Estremeci. Minha pele  menina agora se encontrava arrepiada. Sabia que não devia falar com estranhos, mas havia algo naquela voz que me fazia entregar. Respondi:
"Mas é claro que acredito! Ele é a única verdade, o caminho absoluto no Universo e...."

MESTRE DOS SONHOS:
"...E matarias, ou morrerias por Deus?"

TRINDADE:
"Se Deus me dissesse que sim, mataria ou morreria, assim como muitos dos Escolhidos, que agora se encontram no paraíso, já fizeram. Os escolhidos tem de ser corajosos para obedecer a vontade de Deus, seja ela qual for...Matar, ou morrer...!"

(Por alguns segundos houve um silêncio insuportável. Um silêncio tenso, um silêncio nervoso, um silêncio ansioso, que pedia para ser quebrado. Fui eu quem o despedacei...)

"E você...não acredita em Deus?"

MESTRE DOS SONHOS:
"Acredito, sim.... Mas não neste "seu" Deus. Acredito em algo muito mais poderoso do que o Deus do qual você fala.... Eu não mataria nem morreria por meu Deus, mas faria muito mais... Eu amaria e ensinaria a amar...."

TRINDADE:
(Neste instante uma curiosidade me invadiu. Nunca havia conhecido ninguém que conhecesse algum outro deus senão aquele criador dos céus e da terra, criador dos pudores e dos tabus. O meu Deus criador do medo e da culpa.)

"E que Deus é este que você diz conhecer?"

MESTRE DOS SONHOS
"Não sei porque me faz esta pergunta...Você também o conhece...Na verdade, estou fitando-o neste exato momento....vejo-o na Sua face! A imagem mais divina que já vi."

TRINDADE:
(Meu medo e surpresa foram interrompidos por um toque gentil e intenso.
Após este momento não me lembro de mais nada. Só me recordo vagamente daqueles olhos negros me persuadindo.
Um gosto acre invadia minha boca, e esta se perdia dentre as formas... Ah! As formas alvas, formas do amor.
Harmonias da cor e do perfume...
O mestre dos sonhos me trazendo o gosto do sonho mais azul
Desejos, vibrações, ânsias, alentos,
Os mais estranhos estremecimentos
Flores vagas de amores vãos, doentios
Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios...
Tudo! Vivo e nervoso e quente e forte
Nos turbilhões quiméricos do sonho,
O mestre dos sonhos me apresentou a seu Deus.
No pecado, encontrei o paraíso.





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